Como lidar com a oscilação de humor e com os sentimentos que surgem durante a quarentena

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Planeta terra em quarentena isolamento social

Em uma situação tão atípica como o isolamento social, as oscilações de humor podem surgir com certa frequência. Entenda como você pode lidar com as suas emoções em época de quarentena.

Sendo bastante sincero consigo mesmo, você já imaginou, em algum momento, que passaria por uma quarentena? Ou mais, você tinha a real dimensão do que significava estar em isolamento social? Acredito que não.

Provavelmente, a maior parte de nós já compreendeu que estar em quarentena significa ficar em casa e somente em casa, abdicar de momentos com pessoas que amamos, sair somente para fazer o essencial, tudo isso com o objetivo de diminuir a disseminação do vírus e evitar o colapso dos sistemas de saúde.

No entanto, mesmo praticando e estando mais consciente do que significa estar em quarentena, isso não quer dizer que seja fácil passar por ela. Este é um momento de muitas incertezas, em que as pessoas estão compreendendo aquilo que está em seu controle e o que não está.

Sendo assim, diversos sentimentos e emoções podem surgir, como: medo, aflição, angústia, ansiedade, tristeza e tantos outros. Entenda como passar por essa onda de emoções de forma construtiva.

Do mesmo jeito que as emoções vêm, elas vão…

A maioria de nós não foi ensinado a aceitar e acolher nossas emoções. Se nós repararmos como funciona o fluxo do que sentimos, vamos compreender que é algo parecido com as ondas, que vem e vão. 

Aceitar o que estamos sentindo começa com reconhecer e nomear o sentimento. Para isso, um exercício rápido pode ser feito: fique alguns momentos em silêncio e se pergunte, “o que estou sentindo? será medo? será tristeza?”. No começo, pode parecer estranho, mas com o tempo vai ficando mais fácil reconhecer suas emoções.

Acolher suas emoções significa se permitir sentir o que está sentindo. Socialmente, nós somos ensinados a reprimir os ditos “sentimentos negativos”, como medo, raiva, ansiedade etc. Porém, não é possível não senti-los, não existe um botão de liga/desliga emoções. 

Sendo assim, a questão não é sentir ou não, mas o que eu faço com aquilo que eu sinto. Da mesma forma, é importante dar vazão aos nossos sentimentos, nos permitir sentir, ainda que gere desconforto. É na maioria das vezes no incômodo que aprendemos algumas lições.

Mantenha-se ocupado com coisas que lhe deem prazer…

Essa é uma recomendação que vem sendo amplamente divulgada. A orientação é que, mesmo em casa nessa época de quarentena, as pessoas mantenham rotina para acordar e dormir, para se alimentar e se exercitar. Para os que estão trabalhando em home office, que continuem cumprindo suas jornadas de trabalho.

Além de fazer tudo isso, você pode ver aquela série que tanto gosta, escutar música, ler um livro, fazer um curso on-line, colocar algum hobby em prática, até mesmo assistir as lives nas redes sociais que agora viraram moda.

O objetivo é que você, se mantendo ocupado com aquilo que te dá satisfação, se dissocie do sentimento de angústia e dos pensamentos negativos que podem surgir nesse momento.

Existem muitas possibilidades para fazer dentro de casa ainda, como organizar armários e cômodos que há tempos você gostaria de ter feito, ver fotos antigas, fazer chamadas de vídeo com familiares e amigos. Enfim, use sua criatividade!

… Mas não se mantenha ocupado demais

No entanto, precisamos refletir sobre essa aparente obrigatoriedade da quarentena em se manter ocupado. Estar ocupado o tempo todo não quer dizer ser produtivo.

Devido justamente aos sentimentos que podem surgir nesse momento, está tudo bem também se você não organizar sua casa inteira, não fizer 57 cursos on-line e não maratonar série nenhuma.

Cada pessoa reage de forma diferente à mesma situação. Então, se você sente que se encaixa neste outro grupo, está tudo certo. Fique atento a como você se sente, se estiver se sentindo triste demais ou até deprimido, procure ajuda.

Existem serviços de psicologia atendendo em esquema de Plantão Psicológico e os psicólogos estão atendendo on-line. Você não precisa passar por isso sozinho!

E o que eu faço com tanta ansiedade no isolamento social?

Muitas pessoas, durante o isolamento social, têm vivenciado uma profunda sensação de ansiedade, ao ponto inclusive, de ter crises de ansiedade. A crise acontece quando o sentimento fica tão intenso que a pessoa tem sintomas físicos como: palpitações (taquicardia), dor no peito, respiração acelerada ou falta de ar, sudorese, tremores nas mãos e no corpo, náusea.

Esses são alguns dos principais sintomas. De maneira bem genérica, ansiedade é excesso de futuro. Ou seja, quando estou ansioso, eu experiencio esse sentimento a partir de alguma situação ou preocupação com algo que ainda não aconteceu. Eu me desconecto do aqui e agora e me lanço para frente.

Boa parte das nossas preocupações não se concretizam, são apenas pensamentos que vêm e vão. Por isso, para ajudar a gerenciar sua ansiedade, dê prioridade para atividades que mantenham você conectado com o momento presente.

A ansiedade não começa na crise, por isso, observe os sinais que seu corpo lhe mostra e se antecipe. Além disso, procure sempre trazer a situação ou pensamento à luz da razão. Pense sobre as coisas que realmente estão no seu controle e desapegue das que não estão.

Algumas dicas valiosas para quarentena

Faça exercícios de respiração. Fique atento se, ao respirar, você está utilizando o seu diafragma, porque apenas respirar profundamente com os pulmões pode causar a sensação de hiperventilação. Para fazer isso, procure inspirar pelo nariz, expirar pela boca e sentir que seu abdômen sobe e desce.

Volte sua atenção para o momento presente. Existem algumas técnicas que podem auxiliar isso. Uma delas é o grounding (algo como aterrar em inglês) e consiste em focar na respiração e depois identificar:

  • 5 coisas que você pode ver
  • 4 coisas que pode tocar
  • 3 coisas que pode ouvir
  • 2 coisas que pode cheirar
  • 1 coisa que pode sentir o gosto

Apenas em fazer isso, você redireciona sua atenção para o aqui e agora. Você pode também observar seu ambiente e nomear os objetos e as cores que está vendo (eu vejo uma camiseta azul, um móvel branco etc).

Quando se trata de ansiedade, importante sempre compreender que existe um fluxo de pensamentos e que você pode interrompê-los. Mude o foco. Faça alguma atividade que envolva o seu corpo.

Além disso, se você está passando por esse período de isolamento social com as crianças, separamos uma série de dicas para te auxiliar. Para conferir, clique aqui.

Essas são apenas alguns caminhos para você lidar com os sentimentos que podem surgir nesse momento. Você pode pensar em atividades como yoga ou meditação também. Não existe manual ou soluções definitivas. Vá experimentando e veja como se sente e se adapta com cada uma das técnicas. E principalmente, sempre, procure ajuda.

Além disso, mantenha seus pensamentos leves e positivos. Em tempos de quarentena, esperança cai bem.

Fernanda Velardi

Fernanda Velardi

Psicóloga formada em 2012 pela Universidade Paulista de Campinas. Possui especialização em Psicopedagogia Institucional e cursos em método fônico e currículo funcional natural. Atua com crianças, adolescentes e adultos, além de crianças com dificuldades e transtornos de aprendizagem, deficiência intelectual e autismo.

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